Taxonomia

Veja como funciona a classificação binomial de espécies, criada por Lineu, no século XVII, bem como o modo como ela foi importante para a classificação das espécies.

A taxonomia e o sistema de classificação binomial de Lineu.

A taxonomia é uma disciplina da biologia que estuda a classificação de todos os seres vivos, assim como as queridas plantas suculentas. O objetivo é organizar e agrupar esses organismos com base em suas características e, também, seu parentesco evolutivo. 

É através da taxonomia que os cientistas podem identificar, nomear e categorizar os seres em diferentes níveis hierárquicos. 

Neste texto, iremos focar em plantas suculentas, e abordaremos unicamente os níveis hierárquicos família, gênero e espécie, que são os mais abordados entre colecionadores. 

Antes de mais nada, precisamos falar um pouco sobre Carl von Linné, mais conhecido como Lineu (1707-1778), e suas importantes contribuições! 

Lineu foi um botânico sueco que desenvolveu o sistema de classificação binomial utilizado até hoje, também conhecido como nomenclatura binomial. 

Em sua obra “Systema Naturae”, publicada pela primeira vez em 1735, Lineu introduziu a prática de dar a cada espécie de ser vivo um nome científico único, composto por dois termos: o gênero e o epíteto específico, ou seja, a espécie propriamente. 

Ele sugeriu utilizar o latim como idioma de base, pois por se tratar de uma língua morta, o latim não evolui, não sofrendo modificações ao longo do tempo. Assim, todos os termos utilizados, sempre serão reconhecidos da mesma forma. Por isso, ainda hoje, vemos muitos nomes baseados em expressões do latim, como por exemplo, Senecio, que significa “ancião”, pois suas frutificações, quando maduras, possuem tricomas que se assemelham a cabelos brancos. 

Para citarmos um exemplo bem popular de um nome científico binomial, temos a planta suculenta Aloe vera, que é composto pelo gênero “Aloe” e o epíteto específico “vera“, que significa “verdadeira”. 

Mas afinal, o que é espécie, gênero e família? 

A taxonomia organiza as plantas suculentas em níveis hierárquicos, e em ordem crescente de abrangência. Assim, espécie é o nível mais baixo, pois ele se refere a um grupo específico de indivíduos. Logo, seguindo o exemplo da Aloe vera, existem incontáveis exemplares dessa espécie na Terra, porém todas compartilham as mesmas características que as distinguem das demais plantas. 

Esse nível mais específico, representado pelo epíteto específico, não só identifica um grupo de indivíduos semelhantes, mas também indivíduos capazes de se reproduzir entre si e gerar descendentes férteis, perpetuando suas características únicas na natureza. 

Por exemplo, Aloe vera e Echeveria setosa são espécies diferentes de plantas suculentas, e não podem se reproduzir espontaneamente e gerar descendentes férteis. Inclusive, elas são tão diferentes, que pertencem a gêneros distintos: Aloe e Echeveria

Portanto, gênero é um nível superior, que representa um conjunto de espécies intimamente relacionadas. O nome do gênero é sempre escrito com a primeira letra maiúscula e em itálico ou sublinhado. Como os exemplos dados anteriormente, Aloe e Echeveria são gêneros de plantas suculentas. 

Todas as espécies pertencentes ao gênero Aloe, possuem características sementes, mesmo que espécies distintas, como a formação das folhas, a estrutura das rosetas, as flores, etc. 

Por exemplo, a Aloe vera e a Aloe aristata, possuem características semelhantes, apesar de serem espécies distintas. É justamente pelas semelhanças, que ambas as espécies ocupam o mesmo gênero. 

O mesmo acontece no gênero Echeveria. Existem muitas espécies distintas, mas todas compartilham características semelhantes, como a Echeveria setosa e a Echeveria secunda, que são espécies distintas de Echeverias, porém muito semelhantes entre si, como a conformação de suas rosetas, suas flores e as folhas suculentas e lanceoladas. 

Por último, em nossa abordagem, temos a família, que representa um agrupamento de vários gêneros que compartilham características em comum. 

O nome da família é sempre escrito com a primeira letra maiúscula e não é itálico ou sublinhado como ocorre no gênero. 

para exemplificarmos, as famílias Asphodelaceae e Crassulaceae incluem plantas suculentas de diferentes gêneros. Neste caso, a família Asphodelaceae inclui o gênero Aloe, e a Família Crassulaceae inclui o gênero Echeveria

Ambas são completamente diferentes, e por isso estes dois gêneros estão divididos em diferentes famílias. Contudo, se incluirmos em nossa comparação as plantas pertencentes ao gênero Haworthia, que também pertence à família Asphodelaceae, assim como o gênero Aloe, veremos algumas semelhanças, como flores tubulares e espinhos ou “dentes” nas bordas das folhas.  

Haworthias e Aloes são muito distintas quando olhamos em detalhes, mas de uma forma geral, elas possuem semelhanças, que as tornam membros de uma mesma família, assim, se compararmos uma espécie específica de Aloe, com uma de Haworthia, veremos mais diferenças do que semelhanças, porém quando analisamos as características de uma forma mais abrangente, entre todas as Aloes e todas as Haworthias, aí sim podemos apontar semelhanças. 

Cada vez que um nível taxonômico sobe, mais distantes se tornam as semelhanças entre indivíduos, por isso existem tantos níveis. Aqui só abordamos estes três, mas existem níveis ainda mais elevados, que abrangem agrupamentos ainda maiores de seres. 

Para ilustrar melhor essa ideia, nós, seres humanos, estamos na família Homenidae. Já os cães pertencem a família Canidae. Ambas as famílias possuem seres muito distintos. No entanto, se subirmos alguns níveis, chegaremos a Classe Mammalia, onde tanto nós (Homenidae), quanto os cães (Canidae) fazemos parte. Deste nível mais alto e abrangente, podemos apontar várias características em comum, sendo a principal delas o fato de ambos os seres possuírem glândulas mamárias que produzem leite para alimentar suas crias. 

Então, perceba que cada nível taxonômico vai segmentando e diferenciando cada vez mais os seres que ele agrupa, na medida em que desce, até chegar ao ponto que alcançamos o nível mais específico daquele grupo de indivíduos, e que os diferencia de todos os demais: a espécie! 

Nós pertencemos a espécie Homo sapiens. Já os cães, pertencem a espécie Canis lupus. Curiosamente, somos tão distintos deles quanto a Aloe vera é da Echeveria secunda e, no entanto, tão semelhantes quanto estas duas plantas podem ser, em determinados aspectos! 

Além de ser uma disciplina muito interessante e complexa, a taxonomia é muito importante para o estudo dos seres vivos, e requer dedicação constante dos pesquisadores, já que a cada nova descoberta, aprendemos mais sobre as formas de vida, o que nos permite compreendê-las e classificá-las da forma mais adequada. 

Neste ponto, você deve estar se perguntando sobre as variações, os cultivares e as hibridizações, que tanto se fala entre os colecionadores de plantas. 

Bem, como dissemos, a espécie representa o nível mais específico de classificação geral. Todos os seres catalogados, o são com base em um exemplar coletado na natureza, e que serve de referência para comparar os demais indivíduos. Esta é a chamada Espécie tipo: é a referência inicial que ajuda a definir as características principais daquele agrupamento de indivíduos. 

Contudo, dentro de uma espécie, podem existir variações naturais nas características, como cor, tamanho e forma das folhas que desviam da referência inicial, ou seja, da Espécie tipo. Essas variações são chamadas de “variedades” ou “subespécies”. Por exemplo, a espécie Echeveria agavoides possui muitas variações naturais. 

Quanto aos cultivares, são variedades de plantas suculentas que foram selecionadas e cultivadas por características estéticas específicas e incomuns a espécie específica, como cores diferenciadas ou padrões de crescimento anormais, tal como as variegações e as formações cristatadas ou monstruosas, que surgem espontaneamente em uma espécie, e é propagada por cultivadores e produtores. 

Por último, espécies híbridas são o resultado do cruzamento de duas espécies diferentes do mesmo gênero ou até mesmo de gêneros distintos. Elas geralmente exibem características mistas das espécies parentais utilizadas, e são muito comuns hoje. São realizadas por profissionais capacitados e experientes, que selecionam as plantas mães adequadas para este fim, criando espécies novas e únicas, sem ocorrência espontânea na natureza. 

Neste caso, estas novas espécies não são férteis, pois não são naturais. Sendo assim, a reprodução é realizada por métodos assexuados, como a estaquia. 

Um bom exemplo é a famosa Echeveria ‘Beatrice’, que resultou do cruzamento entre a Echeveria chihuahuaensis e a Echeveria colorata

Neste caso, foi uma hibridização realizada entre espécies de um mesmo gênero, porém, como mencionado, hibridizações também podem ocorrer entre gêneros distintos, como a popular xGraptosedum ‘Francesco Baldi’, resultante do cruzamento entre uma Graptopetalum paraguayense e uma Sedum pachyphyllum, que pertencem a gêneros distintos, daí o nome de gênero misto: xGraptosedum. 

Perceba que, como dissemos no início, na classificação binomial, o primeiro deve ser escrito com a primeira letra maiúscula e o segundo em letras minúsculas, ambos em itálico: Aloe vera. Entretanto, em espécies híbridas, o epiteto específico aparece entre aspas simples, com a primeira letra maiúscula, e apenas o gênero em itálico, como o xGraptosedum ‘Francesco Baldi’. 


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